terça-feira, 25 de maio de 2010

Género épico - Os lusíadas - episódio de Inês de Castro - actividade

http://agsbmessines.sytes.net/web/passatempo/lpo/9/epopeia/castro_1.htm

Género épico - Os lusíadas - episódio de Inês de Castro - questionário 2

Algumas questões sobre o episódio.

Determina os momentos da evolução psicológica de D. Afonso IV, ao longo do episódio.
Reflecte sobre a culpabilidade de D. Afonso IV no assassinato.
Explica a evolução da palavra capela (134, v. 4).
Analisa a estrofe 119, do ponto de vista estilístico.
Expõe os argumentos a que recorre Inês para dissuadir o rei de a mandar matar.
Explica o papel dos comentários, do poeta tendo em conta a influência da tragédia clássica.





No início, D. Afonso IV manifesta uma certa prudência, respeitando o murmurar do povo e a fantasia / Do filho que casar-se não queria (122, vv. 6-7). Por isso, decide matar Inês. No entanto, quando os algozes a trazem parente o rei, este mostra-se já movido a piedade (124, v. 2). O discurso de Inês provoca uma certa hesitação no rei que queria perdoar-lhe, movido das palavras que o magoam (130, v. 2), mas acaba por manter a sua decisão, por um lado, devido à insistência do povo e dos seus conselheiros, por outro, por influência do Destino trágico que persegue Inês.

Ao longo do episódio, vai-se assistindo a um processo de desculpabilização de D. Afonso IV. As culpas vão sendo atribuídas ao Amor, ao povo, aos conselheiros e ao Destino, acentuando-se a hesitação e a piedade do rei.
O Amor surge como causa principal da morte de Inês, assim como o Destino, o que atenua a intervenção de D. Afonso IV (130). Por outro lado, este terá sido influenciado pelo murmurar do povo (122, v. 7) que o persuade a matar Inês e palos algozes que por bom tal feito ali apregoam (130, v. 6).

No Séc. XVI significava pequena capa ou grinalda. Com o evoluir dos tempos, passou a ser atribuída pequenos santuários, igrejas ou ermidas (evolução semântica).
Percebe-se essa evolução (semântica), pois em ambas as épocas o conceito estava relacionado com a ideia de protecção.

Na perspectiva do poeta, o verdadeiro culpado da tragédia relatada neste episódio é o Amor. Nesta estrofe, o poeta dirige-se ao Amor utilizando a apóstrofe e a personificação: Tu, só tu, puro Amor. Este sentimento é caracterizado através de uma adjectivação antitética que acentua o seu carácter contraditório: por uma lado é puro, mas por outro é fero, áspero e tirano.

Para demover o rei do seu intento sanguinário, Inês denuncia a crueldade dos homens, opondo-a à compaixão dos animais pelas crianças. Em seguida, invoca a sua fraqueza, a sua inocência e a orfandade dos seus filhos.Pede clemência ao rei que, sabendo dar a morte, deve também saber dar a vida. Por último, sugere o exílio como alternativa à sua morte.

Na tragédia clássica, há um coro que vai comentando o desenrolar da acção. Neste episódio, é Camões que desempenha o papel de coro, culpando o Amor pelo desenlace trágico, como se pode verificar na estrofe 119.
Nos últimos quatro versos da estrofe 123 e nos dois últimos da estrofe 130, o poeta mostra a sua indignação, através de interrogações retóricas.
A partir na altura da morte de Inês é, mais uma vez o poeta/coro que faz a comparação entre a morte desta e a situação de Policena e da bonina.
Finalmente, na est. 135, apresenta-nos a natureza a chorar a morte de Inês.

Género épico - Os lusíadas - episódio de Inês de Castro - questionário1

http://trutas.no.sapo.pt/ines_de_castro/index.htm

terça-feira, 4 de maio de 2010

Género épico - Os Lusíadas - Testes resolvidos

1º teste

Ficha formativa - O Consílio dos Deuses
I — Interpretação Textual
Lê as estrofes 19 a 42 do Canto I de Os Lusíadas. Em seguida responde, de forma completa e bem estruturada, ao questionário apresentado.
1. A estrofe 19 dá início à Narração. Lê-a atentamente e identifica:· a acção que aí se enuncia,· as personagens envolvidas;· o espaço em que se situam.
1.1. Sendo a Viagem o plano fulcral, porque não se inicia a narração com a partida das naus? (Se necessário, consulta a ficha informativa da página 188.)
2. Na estância 20, começa o Consílio dos deuses no Olimpo.
2.1. Repara nas referências temporais que introduzem as estrofes 19 e 20. O que te dizem quanto ao tempo em que se desenrolam os dois planos narrativos?
3. Uma leitura atenta do episódio do Consílio dos Deuses (ests. 20-41) permite-te identificar todos os aspectos, de maior ou menor importância, desta reunião:
3.1. Onde se realizou?
3.2. Por quem foi convocada e presidida?
3.3. Como se processou a convocatória dos participantes?
3.4. Quem constituía esta assembleia?
3.5. Qual o critério de distribuição dos membros pela sala?
3.6. Qual o objectivo desta sessão do Consílio?
3.7. Qual a decisão, previamente tomada, que Júpiter tem para anunciar à assembleia?
3.8. Em que fundamenta essa sua decisão?
3.9. Baco, apoiado por alguns deuses, constitui a força oponente aos desígnios de Júpiter. Que razões o movem?
3.10. Vénus lidera as forças que apoiam (adjuvantes) a decisão de Júpiter. O que justifica esse apoio?
3.11. Marte desempenha um papel fundamental no desenlace do conflito gerado entre as duas forças.· Que argumentos utiliza para convencer Júpiter a resolver de vez o conflito?· Que motivações não confessadas estarão na base da posição assumida pelo deus da guerra?
3.12. Qual a deliberação final do Consílio?

II — Funcionamento da Língua
1. Transcreve deste episódio versos em que o poeta recorre à perífrase para referir: Mercúrio, Júpiter, o Oceano Índico, os poetas.
2. Fazendo as alterações necessárias, substitui os segmentos destacados pela conjugação perifrástica, respeitando as ideias expressas nas frases e as indicações dadas.a. Baco apresentou os seus argumentos. (começar + infinitivo)b. Os portugueses navegavam perto de Moçambique. (ir + gerúndio)
3. Transcreve e classifica a oração subordinada, em cada uma das frases apresentadas.a. Baco sabia que a sua proposta não seria aceite.b. Marte, que apoiava a proposta de Júpiter, pôs fim à discussão.c. Marte deu uma pancada tão forte, que o Sol perdeu um pouco da sua intensidade.d. Como Marte sentia uma antiga paixão por Vénus, não hesitou em apoiá-la.
4. Baco discutia acaloradamente.Procedendo às alterações que consideres necessárias, acrescenta à frase uma oração:a. subordinada concessiva;b. coordenada adversativa.
5. Júpiter, o pai dos deuses, deu o consílio por encerrado.
5.1. Analisa sintacticamente a frase.5.2. Redige uma frase onde o adjectivo «encerrado» tenha a função de predicativo do sujeito.

SOLUÇÕESI — Interpretação Textual

1. A acção enunciada nesta estrofe é a viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia. As personagens envolvidas, embora não estejam nomeadas, são os que «navegavam», os que «vão cortando as marítimas águas», ou seja, os navegadores portugueses. Não é especificado o local exacto em que se encontram, pois refere-se apenas que estão no «largo Oceano», mas presume-se, pela leitura da estrofe 42, que os portugueses estejam entre a costa sudeste africana e a ilha de Madagáscar.
1.1. A narração não se inicia com a partida de Lisboa porque, de acordo com as normas da epopeia, esta parte da obra deve começar por um momento já avançado da acção.
2. As referências temporais dadas por «já» e «quando» indicam que os dois planos narrativos — o mitológico e o da viagem — se desenrolam em simultâneo.
3.1. O Consílio, ou a reunião dos deuses, realizou-se no Olimpo.
3.2. A reunião foi convocada e presidida por Júpiter.
3.3. Os participantes na reunião foram convocados através de Mercúrio, o mensageiro dos deuses.
3.4. A assembleia era constituída pelos deuses que governavam os Sete Céus.
3.5. Júpiter, que presidia à reunião, estava num assento de estrelas e os restantes deuses estavam sentados num plano inferior. Os assentos mais próximos do trono de Júpiter, os lugares de honra, eram ocupados pelos deuses mais antigos; os outros participantes iam-se dispondo em lugares sucessivamente mais baixos, de acordo com a sua importância.
3.6. O objectivo desta sessão era dar a conhecer uma decisão que Júpiter tomara e ouvir a opinião dos participantes.
3.7. A decisão que Júpiter tem para anunciar é que pretende ajudar os marinheiros portugueses a chegar à Índia, e, como tal, determina que sejam recebidos como amigos na costa africana, para poderem descansar e reabastecer-se antes de prosseguirem viagem.
3.8. Júpiter fundamenta a sua decisão no facto de os navegantes já terem passado nas águas um duro Inverno, já terem enfrentado perigos imensos e estarem, portanto, exaustos.
3.9. Baco não quer que os portugueses cheguem à Índia para não perder a fama, a glória, o prestígio que tem nas terras do Oriente.
3.10. O que justifica esse apoio é o facto de Vénus gostar dos portugueses, por ver neles qualidades semelhantes às dos romanos, povo que lhe é tão querido (os romanos são descendentes do seu filho Eneias). Entre essas qualidades, destacam-se a bravura e a língua, que é muito semelhante ao latim. Além disso, a deusa do amor e da beleza também foi informada pelas Parcas, deusas do destino, que «há-de ser celebrada» nas terras onde os portugueses chegarem, interessando-lhe, pois, que os navegadores alcancem o Oriente.
3.11. Marte diz a Júpiter que não deve dar ouvidos a Baco, pois a sua opinião é suspeita. O que motiva o deus do vinho contra os portugueses não é nenhuma razão válida, mas sim a inveja, o medo de perder a fama. Por outro lado, Marte procura convencer Júpiter de que é sinal de fraqueza voltar atrás após a tomada de uma decisão.
3.12. A deliberação final do consílio é a de ajudar os portugueses, como Júpiter tinha decidido.
II — Funcionamento da Língua
1. Para referir Mercúrio, o poeta utiliza a perífrase «neto gentil do velho Atlante» (est. 20). Júpiter aparece designado Como «o Padre […] que vibra os feros raios de Vulcano» (est. 22). O Oceano Índico é o «mar que vê do Sol a roxa entrada» (est. 28). Os poetas são referidos como «quantos bebem a água de Parnaso» (est.32).
2.a. Baco começou a apresentar os seus argumentos.b. Os portugueses iam navegando.
3.a. que a sua proposta não seria aceite — oração subordinada integrante ou completiva (funciona como CD da oração subordinante).b. que apoiava a proposta de Júpiter — oração subordinada relativa explicativa (o antecedente do pronome relativo é Marte).c. que o Sol perdeu um pouco da sua intensidade — oração subordinada consecutiva (apresenta uma consequência da acção expressa na oração subordinante).d. Como Marte sentia uma antiga paixão por Vénus — oração subordinada causal (como = visto que, porque)
4.a. Baco discutia acaloradamente, embora respeitasse a opinião de Vénus.b. Baco discutia acaloradamente, apesar disso poucos o escutavam.
5.5.1. «Júpiter« — sujeito (simples); «o pai dos deuses» — aposto; «dos deuses» — complemento determinativo; «deu o consílio por encerrado» — predicado; «o consílio» — complemento directo; «por encerrado» — predicativo do complemento directo.
5.2. O estabelecimento está encerrado. (O verbo é, necessariamente, copulativo.)

Género épico - Os Lusíadas - Actividades

Os Lusíadas em geral
http://www.deemo.com.pt/exercicios/pt/9/lp_lusiadas3.htm

http://cvc.instituto-camoes.pt/jogoemlinha/conhecimentos/lusiadas.html

http://www.malhatlantica.pt/lpo/JOAOV/Lusiadocruzada.htm

http://www.malhatlantica.pt/saobruno/formacaotic/hotpotatoes/Os%20lusiadasaosquadradinhos.htm

http://www.anossaescola.com/idanha/ficheiros/recursos/JCrossLusiadas.htm

http://oficinaformacao.no.sapo.pt/trabalhos/anabela_paula_rute/camoes_cruzadas.htm

http://agsbmessines.sytes.net/web/passatempo/lpo/9/epopeia/consilio_1.htm



Forma

http://agsbmessines.sytes.net/web/passatempo/lpo/9/epopeia/obra_forma_1.htm

Proposição

http://agsbmessines.sytes.net/web/passatempo/lpo/9/epopeia/proposicao_1.htm

http://agsbmessines.sytes.net/web/passatempo/lpo/9/epopeia/consilio_1.htm


Consílio Dos Deuses

http://www.eccn.edu.pt/professores/marla_madruga/quiz%20cons%C3%ADlio%20dos%20deuses.htm

http://www.navegar.com.pt/navegar2_quiz/port_3_ciclo/lusiadas.htm


figuras de estilo

http://mariapoesia.tripod.com/JCross.htm

Género épico - Os Lusíadas e Os Deuses

Género épico - Os Lusíadas - para o teu estudo

Tens aqui uns bons apontamentos para o teu estudo sobre Os Lusíadas.

http://oslusiadas.no.sapo.pt/indice.html

Género épico - Os Lusíadas - Actividades

Os Lusíadas, de Luís de Camões (adaptação de João de Barros)

Questionário

http://www.anossaescola.com/idanha/ficheiros/recursos/QuizLus%C3%ADadas_1.htm

Os Lusíadas
Análise Canto I

O poeta indica o assunto global da obra, pede inspiração as Ninfas do Tejo e dedica o poema ao rei D. Sebastião. Na estrofe 19 inicia a narração da viagem de Vasco da gama, referindo brevemente que a armada já se encontra no Oceano Índico, no momento em que os deuses do Olimpo se reúnem, em Consílio convocado por Júpiter, para decidirem se os Portugueses deverão chegar á Índia. Apesar da oposição de Baco e graças á intervenção de Vénus e Marte, a decisão é favorável aos Portugueses que entretanto cheguem à Ilha de Moçambique. Aí, Baco prepara-lhes várias ciladas que culminam no fornecimento de um piloto por ele industriado a conduzi-los ao perigoso porto de Quiloa. Vénus intervém, afastando a armada do perigo e fazendo-a retomar o caminho certo ate Mombaça. No final do Canto, o Poeta reflecte acerca dos perigos que em toda a parte espreitam o homem.
As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Reflexão:
A proposição permite ao poeta enunciar o propósito de cantar aos feitos alcançados pelos heróis portugueses, apresentando-os com heróis colectivos mistificados que se superiorizar em relação aos heróis da antiguidade clássica.

E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.

Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.

Reflexão:
O poeta pede inspiração às Tágides, entidades míticas nacionais. É significativa a valorização do estilo épico, por comparação com o estilo lírico, pois, é o mais adequado à grandeza dos feitos dos heróis que vai contar.

Camões dedica a sua obra ao Rei D. Sebastião a quem louva por aquilo que ele representa para a independência de Portugal e para a dilatação do mundo cristão; louva-o ainda pela sua ilustre e cristianíssima ascendência e ainda pelo grande império de que é Rei (estrofes 6, 7 e 8).
Segue-se uma segunda parte que constitui o apelo dirigido ao Rei: “referindo-se com modéstia á sua obra, pede ao rei que a leia; na breve exposição que faz do assunto, o poeta evidencia que a sua obra não versava heróis e factos lendários ou fantasiosos, mas sim matéria história real (estrofes 9 a 14)
Termina o seu discurso incitando o Rei a dar continuidade aos feitos gloriosos dos portugueses, combatendo os mouros e invocando depois o pedido de que leia os seus versos (estrofes 15 a 18).
Consílio dos Deus no Olimpo
A narração começa com o plano central (estrofe 19), logo interrompido pela inclusão do plano mitológico (estrofe 20).
Neste consílio, presidido por Júpiter, o pai dos deuses pretende dar conhecimento á assembleia da sua determinação em ajudar os portugueses a chegar à Índia, conforme estava predestinado pelo “fado”. Júpiter justifica a sua decisão elogiando as proezas históricas do povo português e a coragem com que agora procuram dominar os mares desconhecidos. Há vários aspectos que contribuem para o engrandecimento do herói nacional, neste episódio:
· A admiração do “grande valor” e da “forre gente de Luso” manifestada por Júpiter;
· Temor de Baco de que o perder dos portugueses destrua o seu poder no oriente, fazendo esquecer “seus feitos”;
· O carinho e a afeição de verbos pela “gente Lusitana”, de “fortes corações” e “grande estrela”;
· O respeito pela “gente forte” revelado por Marte.

Género épico - Os Lusíadas - A estrutura externa e interna

Os Lusíadas Estrutura Interna e Externa


A estrutura externa
O poema está escrito em versos decassílabos, com predomínio do decassílabo heróico (acentos pa 6ª e 10ª sílabas). É considerado o metro mais adequado á poesia épica, pelo seu ritmo grave e vigoroso. Surgem também alguns raros exemplos de decassílabo sáfico (acentos na 4ª, 8ª e 10ª sílaba).
· As estrofes são de oito versos e apresentam o seguinte esquema rimático – “abababcc” ( a este tipo estrófico costuma chamar-se oitava rima, oitava heróica ou oitava italiana)
· As estrofes estão distribuídas por 10 cantos. O número de estrofes por canto vario de 87, no canto VII, a 156 no canto X. No seu conjunto, o poema apresenta 1102 estrofes.

A estrutura interna

1. As partes constituintes
Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro fontes:
· Proposição – parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que vai cantar (Canto I, estrofes 1-3)
· Invocação – pedido de ajuda as divindades inspiradores (A principal invocação é feita as Tágides, no canto I, estrofes 4 e 5, ás Ninfas do Tejo e do Mondego, no canto VII 78-82 e, finalmente, a Calíope, no Canto X, estrofe 8)
· Dedicatória – oferecimento do poema a uma personalidade importante. (Esta parte, facultaria, pode ter origem nas Geórgicas de Virgilio ou nos Fastos de Ovídio; não existe em nenhuma das epopeias da Antiguidade)
· Narração – parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa das acções levadas a cabo pelo protagonista. (Começando no Canto I, estrofe 19, só termina no Canto X, estrofe 144, apresentando apenas pequenas interrupções pontuais).

2. Os planos narrativos

Obra narrativa complexa, Os Lusíadas constroem-se através da articulação de quatro planos narrativos, não deixando, ainda assim, de apresentar uma exemplar unidade de acção.
Como plano narrativo fuleral apresenta-nos a viagem de Vasco da Gama à India. Continuamente articulado a este e paralelo a ela, surge um segundo plano que diz respeito à intervenção dos deuses do Olimpo na Viagem. Encaixado no primeiro plano, tem lugar um terceiro, que é constituído pela História de Portugal, contada por Vasco da Gama ao rei de Melindo, para Paulo da Gama e por entidades dividas que vaticinam futuros feitos dos Portugueses. Não podemos esquecer o quarto plano que é o do Poeta.

Género épico - a epopeia e as suas características

Características da Epopeia
A epopeia remonta á Antiguidade grega e latina e tem como exponentes máximos a Ilíada e a Odisseia, poemas gregos atribuídos a Homero, poema de Roma da autoria de Virgilio.
A epopeia é um género narrativo em verso.
Como qualquer narrativa tem uma acção que envolve personagens situadas num determinado espaço e tempo. No entanto, a narrativa épica tem características específicas.
A Aristóteles, filósofo grego do século III a.C, se deve o primeiro estudo sistemático sobre Poesia. A sua Poética (de que se perdeu parte do texto) contém, tal como a conhecemos, um estudo sobre a Tragédia e a Epopeia e uma comparação entre estes dois gémeos literários. È pois um texto fundamental para estes dois gémeos literários. É pois um texto fundamental para a definição de epopeia, sendo as de Homero apresentadas como modelo. No século I a.C, o poeta latino Horácio, na sua Arte Poética, redefiniu algumas regras e, finalmente, no Renascimento, as poéticas de Aristóteles e Horácio foram retomadas e completadas de acordo com os valores de então. Segundo o cânone, são varias as normas que presidem á epopeia:
· a acção épica – deve ter grandeza e soleniade, deve ser a expressão do heroísmo;
· o protagonista – (rei, grande dignitário , herói), além da sua alta estirpe social, deve revelar grande valor moral;
· o inicio de Narração apresenta-nos a acção já numa fase adiantada (“in media res”)
· a epopeia deve ter unidade de acção (assim, para não quebrar a unidade de acção, as narrações retrospectivas e as profecias surgem frequentemente nas epopeias para contare factos passados e futuro em relação a acção fulcral; Aristoteles cita o exemplo de Homero que não conta, na Ilíada, a Guerra de Troía com a sua diversidade de acontecimentos, mas situa a acção numa fase já adiantada do conflito e, sob a forma de episódios, apresenta um grande numero de ouros factos já passados);
· os episódios não só dão á epopeia extensão, como a enriquecem sem quebrar a unidade da acção;
· o maravilhoso (intervenção dos deuses) deve intervir na acção da epopeia;
· o género épico utiliza o modo narrativo; o poeta narra em seu próprio nome ou assumindo personalidades diversas;
· a intervenção do poeta, tecendo considerações em seu próprio nome deve ser reduzida. (Mais uma vez é referido o exemplo de Homero que, depois de um curto preâmbulo – Invocação e Proposição – passa de imediato á Narração)
· de acordo com as poéticas do renascimento, a epopeia deve ser escrita num estilo solene e grandioso, de acordo com a natureza heróica dos factos narrados. Deve também ser escrita em verso decassilábico.