terça-feira, 2 de março de 2010

Auto da Barca do Inferno - cena do Corregedor e do Procurador - resolução de um teste

Guião:

1. Percurso cénico.
2. Símbolos cénicos e seu simbolismo.
3. Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo.
4. Argumentos de defesa e argumentos de acusação.
5. Tipo(s) de cómico usado(s).
6. Registo de língua usado pela personagem-tipo.
7. Função do Parvo.
8. Relação do Corregedor e de Brísida Vaz.
9. Levantamento das palavras do campo lexical de justiça.
10. Intenção crítica do autor.
11. Levantamento das diferentes formas como o Diabo é referido nesta cena.
12. Exemplos do texto dos seguintes recursos expressivos: a. Antítese; b. Eufemismo; c. Ironia. 13. Ao entrar na barca do Inferno, o Corregedor reconheceu Brísida Vaz. Imagina um diálogo entre estas duas personagens, em que ambas refiram os motivos pelos quais foram condenados e comentem, na sua perspectiva, a injustiça da sua condenação.

Respostas:

1. Percurso cénico de corregedor: cais –> barca do inferno –> barca da glória –> barca do inferno –> embarcaPercurso cénico do procurador: cais –> barca do inferno –> barca da glória –> barca do inferno –> embarca
2. Os símbolos cénicos do corregedor são: os feitos e a vara. Os feitos simbolizam a manipulação da justiça e a vara simboliza o poder judicial. O símbolo cénico do procurador é: os livros. Os livros simbolizam a injustiça. Mas em geral os símbolos simbolizam a corrupção.
3. Caracterização do corregedor: Indirecta – presunçoso (vv.609-610) , confiante (v. 647), bajulador (v. 607), resignado (vv. 738-739), implorativo (vv.715-716), corrupto (vv. 648-650), pecador (vv. 698-700), mentiroso (vv.655-658), ladrão (vv. 718-719)Caracterização do Procurador: Indirecta – convencido (v. 688, 690), pela linguagem que usa é vulgar (v.706), corrupto (vv.717-720), ladrão (vv.718-719)Também se sabe que o Procurador é pecador e mentiroso.
4. Argumentos de acusação do diabo ao corregedor: -aceitou subornos, até dos judeus que eram mal vistos naquele tempo-confessou-se, mas mentiuArgumentos de acusação do parvo ao corregedor e ao procurador: - roubaram coelhos- levavam a religião de uma forma superficialArgumentos de defesa do corregedor: - um juiz não pode ser condenado- era a mulher que aceitava os subornosArgumento de acusação da Brísida Vaz ao corregedor: - acusa-o de ele não a deixar em paz, de a mandar castigar por ela ser alcoviteira
5. O tipo de cómico usado é o cómico de linguagem.Ex: ‘Nom é de regulae júris, não!’ (v.622)
6. O registo de língua usado pelo corregedor é a gíria.Ex: ‘Nom entendo esta barcagem,Nem hoc non potest esse.’ (vv.633-634)O registo de língua usado pelo procurador é a gíria.Ex: ‘Quia speramus in Deo.’ (v.706)
7. A função do parvo é acusar e criticar o Corregedor e o Procurador das corrupções e dos roubos que eles cometeram na Terra.
8. O corregedor e a Brísida Vaz já se conheciam da vida terrena, tinham uma relação de cumplicidade, contudo na Terra a alcoviteira era o réu e o Corregedor o juiz, mas no Inferno os papeis inverteram e o Corregedor passou a réu.
9. As palavras do campo lexical de justiça são: corregedor, feitos, vara, juiz, direito, meirinho, ouvidor, escrivães e procurador.
10. O autor fez crítica à: parcialidade por parte de homens cultos e responsáveis pela justiça humana, à prática hipócrita da religião, Gil Vicente crítica também os Judeus e os Escrivães.
11. As formas como o diabo é referido na cena são: arrais infernal, arrais e barqueiro.
12. a) Exemplos de Antítese:“há-de ir um corregedor?Santo descorregedor.”b) Exemplos de Eufemismo:“Ires ao longo dos cães.”“E na terra dos danados”c) Exemplos de Ironia:“Santo descorregedor”“Como vindes preciosos,Sendo filhos da ciência”
13. Brí – Houlá Santo descorregedor!Que fazes por cá?Cor – O mesmo que tu…Brí – Mas porque foste condenado?Cor – Pela minha corrupção,tu sabes perfeitamente isso.E tu?Brí – Pela minha profissão epelas moças que vendi.Cor – Acho injusta a minha condenação…Apenas fiz o meu trabalho.Brí – Também acho a minha injusta,limitei-me a fazer à vida.Cor – Não há nada a fazerpara mudar os nossos actos!Brí – Cá se fazem,cá se pagam!

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